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Uma parceria entre a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) e o Sebrae resultou no Primeiro Censo de Cervejarias Independentes Brasileiras. As informações foram divulgadas nesta semana e trazem uma análise clara do cenário atual no mercado cervejeiro. Segundo o presidente da Abracerva, Carlo Lapolli, a intensão do estudo é nortear as ações da entidade, “para podermos direcionar melhor nosso trabalho como associação, é preciso conhecer mais profundamente o setor. Por isso decidimos elaborar o Censo. ”
Das 944 respostas recebidas entre os meses de abril e maio, 744 foram consideras válidas, pois o respondente afirmou ser produtor independente de cerveja. A ideia deste estudo surgiu, segundo Lapolli, devido ao crescimento do mercado. Que somente em 2018 saltou de 679 para 889 e hoje já passa de mil cervejarias registradas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A partir da pesquisa, constatou – se informações relevantes ao mercado e que muitas vezes passam despercebidas pelos envolvidos e entusiastas com o meio. Como o faturamento, 62% dos ouvintes alegam que 2018 foi melhor ao comprar com 2017. No entanto, o cenário muda ao fazer uma análise do desempenho financeiro em 2019. Apenas 27% apresentam lucros, enquanto 50% diz estar empatando entre despesas e arrecadação e 22% apresentam prejuízo.
Outro dado importante apresentado pelo censo está o regime tributário das cervejarias. Declaram-se como Simples Nacional 83% e como Lucro Presumido e Lucro Real, 8% cada. Ainda dentro das questões financeiras que regem o mercado, a partir do estudo observa-se a produção das fábricas. A maioria com capacidade para produzir mais do que está no momento. Em média as cervejarias estão com ociosidade de 12mil litros, produzindo somente 60% de sua capacidade.
Algumas curiosidades também foram reveladas com o estudo. Dentre alguns pontos, podemos destacar que mesmo com a ascensão do número de mulheres gestoras, ou proprietárias de fábricas a predominância ainda é masculina. De acordo com o censo, 89% das cervejarias são geridas por homens, enquanto somente 11% por mulheres. Importante destacar o nível de escolaridade, 98% dos ouvintes possuem formação superior completa – graduação, pós-graduação, mestrado ou doutorado.
Outros dados também foram revelados, o censo e bem abrangente e faz um mapeamento do setor. Ele é considerado pela Abracerva o ponta pé inicial para ações futuras. “Temos ainda um longo caminho pela frente. Acreditamos que o crescimento sustentável do setor é construído sobre um tripé: primeiro, ambiente econômico. O país precisa crescer e aumentar a renda da população. Cada ponto de renda extra pode significar milhões de consumidores novos potenciais. Segundo, regulatório e fiscal. É nossa principal motivação de existir brigar por um ambiente fiscal mais justo para as pequenas cervejarias. Menos impostos e burocracias na vida do empreendedor. E, terceiro, gestão e eficiência. A eficiência das microcervejarias comparada com as grandes é muito baixa. A melhoria de equipamentos, diminuição de gargalos, desperdícios e qualificação da gestão é fundamental para o fortalecimento desse tripé. Temos que fazer o nosso dever de casa e alcançarmos um nível de excelência em gestão de nossas empresas. ”